quarta-feira, 17 de julho de 2019

Como o Tantra pode tratar a masculinidade tóxica ?


O padrão de conduta masculino predominante há séculos está em cheque desde que as mulheres começaram a exigir seus direitos em meados do século vinte. De lá pra cá muitos mitos envolvendo a conduta do macho estão caindo por terra e alguns homens criados no modelo antigo já estão, a duras penas, vivendo uma desconstrução.
“Homem não chora”, “É o homem quem sustenta a casa” , “Isso é coisa de viado”,  “Mulher minha não geme” são jargões que ainda estão presentes, mas já soam ultrapassados para muita gente.

E a sexualidade? Também é tóxica?

Se no âmbito sociológico, onde há discussão aberta, a coisa ainda não se resolveu. Quem dirá, então, no âmbito da intimidade e da sexualidade do indivíduo. Homens ainda são educados pela indústria pornográfica e aprendem, ali mesmo, como abusar e violentar uma mulher.
A roda de bar masculina ainda é recheada de histórias super viris e mentirosas. O homem ainda vive do prazer da masturbação estilo “fast food” às escondidas. E as mulheres ainda sofrem com a rapidez e com a insensibilidade na cama.
A masculinidade tóxica moldou um homem que não conhece a sexualidade além do pênis. Criou sujeitos que não demonstram afeto e não tem inteligência emocional. Porque eles foram ensinados a reprimir as próprias emoções desde pequenos.
São homens que só tem prazer durante os dois segundos de ejaculação, que vieram seguidos dos dois minutos de penetração. Homens que vivem atrás de uma meta de virilidade absurda,  tornaram-se doentes emocionais e não podem ser humanos de verdade.
E tudo isso eu vejo diariamente como terapeuta. Homens duros, rígidos, envergonhados, cheios de medo e insegurança. Com uma idade emocional de uma criança e que socialmente escondem tudo isso embaixo do pano tóxico da virilidade e do poder.
É realmente triste, mas a humanidade já viveu bastante e quando tudo está dando errado a gente precisa voltar as origens.


O tantra é uma filosofia comportamental que floresceu a mais de 5000 anos numa região onde hoje chamamos “Índia”. Os “tantrikas” surgiram dentro de uma etnia chamada “Drávida”. Esta era uma sociedade que em sua essência era matriarcal, sensorial e desrepressora.
Existia uma veneração clara a deidades femininas. Afinal de contas, naquela época, a vida surgia através da mulher. E o homem, a princípio, não tinha uma participação ativa nisso.
O conceito de pecado e de repressão relacionado a sexualidade simplesmente não existia. Esses são conceitos masculinos, típicos de sociedades patriarcais e guerreiras, onde o uso da força é predominante e rege a moral social.
Valores, que hoje são tipicamente femininos, como a generosidade, o cuidado, o carinho, o afeto, a criatividade eram cultivados por todos.
Com o tempo sucessivas invasões e guerras aconteceram naquela região e muita coisa foi perdida. O tantra foi muito perseguido pelas culturas patriarcais e dominantes. Mas alguma pouca coisa preservou-se.
Em meados do século vinte um indiano dedicou sua vida a resgatar a filosofia tântrica e adaptá-la ao homem ocidental. Esse indiano ficou mundialmente conhecido como OSHO e o movimento que ele criou ficou conhecido como neo-Tantra.
Osho criou meditações específicas para o homem ocidental. Meditações ativas e que tinham alto poder de libertação e cura emocional.  Após experimentarem na pele variadas técnicas, práticas e meditações  terapêuticas desenvolvidos por seu mestre, os seus discípulos disseminaram pelo ocidente a terapia tântrica que aprenderam.
Por isso, as principais metodologias difundidas no ocidente e que envolvem massagens e terapias tântricas atualmente tem forte influência de Osho e seus Sannyasins, ou discípulos.
Já deu pra perceber que os valores e métodos tântricos são diametralmente opostos aos valores de uma masculinidade tóxica, né?
Portanto nem adianta querer impor práticas tântricas para aqueles que ainda não reconheceram a masculinidade tóxica dentro de si. Que ainda não demonstram interesse em melhorar a si mesmos. Mas para aqueles homens que desejam autodesenvolver-se e estão no processo de desconstrução de padrões retrógrados e maléficos, muita coisa pode ser feita.
A terapia tântrica prioriza o desenvolvimento da sensorialidade corporal, a movimentação fluida da energia vital, a movimentação e a liberação de conteúdos emocionais maléficos. Ela trata ainda da reeducação sensorial e da expansão da percepção dos sentidos corporais. Tudo isso ajuda a tratar a dificuldade do homem moderno em entregar-se, em liberar as próprias emoções e ajuda-o a desenvolver sua inteligência sensorial e emocional.
Em práticas de massagens ou meditações tântricas é muito comum acontecerem catarses emocionais como risos, choros, liberação e dissolução de bloqueios, conteúdos e memórias que a muito tempo estavam guardadas e escondidas no fundo da alma.
O homem aprende que todo mundo chora e que está tudo bem. Aprende que ele pode ser passivo sem ser viado, que gemer e gritar pode fazer muito bem a saúde e que bom mesmo é o orgasmo experimentado pelas mulheres, que normalmente acontece além dos órgãos genitais e em alguns casos se expande pro corpo todo. Mas aprende que esse tipo de orgasmo não é exclusivo das mulheres e que ele também pode chegar lá.
Tudo isso promove um resgate da nossa humanidade. O resgate de valores como o cuidado com o outro, o carinho, o perdão, a entrega, a confiança, a amorosidade…
Texto Tantrayogalab



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